Nos últimos dias temos assistido a um espetáculo magnífico em nosso céu. A Lua está no perigeu e tem brindado nossas noites com sua beleza desde o pôr até o nascer do sol. Ela nasce a leste, pouco acima do horizonte, e percorre durante a noite de um lado ao outro da abóboda celeste para morrer pela manhã, no dia seguinte, a oeste, um pouco antes do nascer do sol.
Os melhores horários para observarmos sua majestosa presença são logo após o anoitecer e um pouco antes do amanhecer.
Esse fenômeno, o perigeu, é o momento em que a Lua está mais próxima da Terra, ao contrário do apogeu, que é quando ela está mais distante de nós. Por isso, no perigeu, podemos vê-la em seu maior tamanho, beleza e em todo seu esplendor.
Embora esteja tão longe de nós, por volta de 400 mil quilômetros, ela tem seu movimento atrelado ao movimento do nosso planeta, é uma verdadeira dança cósmica entre esses dois magníficos objetos.
A Terra tem por volta de 40 mil quilômetros em seu perímetro, portanto a Lua está girando ao seu redor há uma distancia média de aproximadamente dez vezes o perímetro do nosso planeta.
A Lua, por sua vez, tem por volta de 20 mil quilômetros em seu perímetro, ou seja, metade do perímetro da Terra.
Seria como colocarmos uma laranja, representando a Terra, e um limão, representando a Lua, há cerca de um metro de distância um do outro, e imaginarmos esses dois objetos presos um ao outro numa dança em que seus corpos estão amarrados de tal forma que um conduz o outro pelo espaço.
É óbvio que a Terra, com todo seu peso e sua energia, conduz a Lua. Mas a Lua também, com seu peso e energia, fornece estabilidade ao movimento da Terra.
É fato que somente uma face da lua é visível a nós. E isso nos dá a primeira pista para entendermos essa amarração de movimentos.
A lua tem três movimentos, o de translação, que é o movimento que ela faz ao redor da Terra, o de rotação, ao redor de si mesma e o de revolução, ao redor do Sol.
O movimento de translação é o único movimento próprio da Lua, herdado que foi esse movimento desde o seu nascimento quando uma grande colisão sofrida pela Terra, ainda em formação, elevou rochas e muita poeira que, assim como fazemos hoje com os satélites que enviamos ao espaço,se mantiveram circulando o nosso planeta, acompanhando o seu movimento de rotação.
A aglomeração dessas rochas e poeira deu origem a nossa Lua.
Os outros dois movimentos da Lua, rotação e revolução, não são próprios, mas causados pelo arrasto que a Terra provoca em seu satélite natural.
O primeiro desses movimentos, e o mais complicado de entendermos, é o movimento que a Lua faz em torno do seu próprio eixo, chamado de rotação. Esse movimento só ocorre em função da Lua estar “presa” por somente uma de suas faces a Terra. Ela, a Lua, realmente gira em torno do seu próprio eixo, mas o faz em função de ter uma, e somente uma, de suas faces, “fixada” ao nosso planeta.
A Lua faz seu movimento de translação no mesmo sentido do movimento de rotação da Terra, porém enquanto nosso planeta leva 24 horas para dar uma volta completa sobre si mesmo, o nosso satélite natural leva 27 dias, 7 horas, 43 minutos e 12 segundos para dar uma volta completa no entorno da Terra.
E, surpreendentemente, ela, a Lua, leva exatamente esse mesmo tempo, 27 dias, 7 horas, 43 minutos e 12 segundos, para dar uma volta sobre si mesma. Essa exata coincidência de tempos, essa sincronia de períodos, nos fornece a segunda pista para compreendermos o seu movimento.
Quero sugerir um exercício de imaginação. Sei que não é fácil, mas é um modo de tentarmos entender esse movimento. Vamos voltar ao nosso limão e a nossa laranja posicionados há um metro de distância um do outro. Se prendermos o limão à laranja com duas hastes rígidas, sendo que uma das pontas de cada uma dessas duas hastes seja fixada num mesmo ponto do limão e cada uma das outras duas pontas das duas hastes sejam fixadas uma em cada polo da laranja, de modo que a laranja possa rolar livre sobre si mesma, como um peão entre as hastes, e o limão possa dar voltas no entorno da laranja, preso às hastes num mesmo ponto de sua superfície, sempre mantendo uma distancia fixa e sempre com a mesma face, onde fixamos as duas hastes no limão, voltada para a laranja.
Outra forma de tentarmos entender esse movimento é imaginarmos nosso corpo como se fosse a Lua, e nos posicionarmos de frente e a uma distancia fixa, um metro por exemplo, da borda de uma mesa redonda, que representaria a Terra, e circularmos com passos laterais o entorno dessa mesa, sempre mantendo a mesma distancia e sempre nos mantendo de frente para a mesa. Essa também seria uma forma de imaginarmos o movimento que a nossa lua faz ao redor da Terra.
Essas representações simulam o movimento da Lua em volta da Terra e servem ao propósito de nos ajudar a entender mais claramente esse movimento sincronizado do qual somos filhos. De outro modo, não estaríamos aqui. Somos filhos desse equilíbrio de movimentos.